Thursday, June 17, 2010

TO BURCA OR NOT TO BURCA?

Foto: Tinou Bao ( www.everystockphoto.com)

Demorou, mas chegou. Depois da polêmica na Europa, a proibição do uso da burca aterrissa na Austrália.

Para nós, brasileiros, a visão de uma mulher coberta da cabeça aos pés é bem estranha. Não me lembro de ter visto uma única no Brasil vestida assim. A primeira vez que vi aqui na Austrália era verão, fazia mais de 35 graus e lá estava ela, toda de preto. Fiquei aflito.

Num país onde o número de imigrantes vindos do Oriente Médio só cresce, a burca começa a fazer parte da paisagem. Recentemente, o senador Cory Bernardi, do Partido Liberal, foi duramente criticado por escrever um artigo pedindo a proibição da burca. Ele alega que ela vai contra os valores australianos e citou a questão da segurança. Aqui é proibido entrar em bancos ou postos de gasolina com capacete, por dificultar a identificação. Por que seria permitido entrar com burca?

Há algumas semanas, o Reverendo Fred Nile, membro do parlamento do estado da Nova Gales do Sul, tentou, sem sucesso, aprovar uma legislação nos mesmos moldes da que existe na França, que baniu a vestimenta em locais públicos. Ele alega que fez isso pelas mulheres muçulmanas. Será?

Como imigrante, procuro assimilar valores da terra que escolhi para morar. Apesar da saudade, não posso querer recriar aqui, com rigidez, os costumes brasileiros. Para os australianos, a burca significa isolamento e negação da cultura local. Para alguns setores mulçumanos, ela é uma afirmação de identidade. As cartas estão na mesa.

Tuesday, March 9, 2010

IMPRENSA INDIANA PAGA PELA BOCA

Há alguns meses a Austrália tem sido alvo de um bombardeio de críticas vindas da Índia. O motivo é a violência e o racismo., principalmente em Melbourne, a segunda maior cidade do país. Foi lá que estudantes e taxistas indianos teriam sido vítimas de espancamentos, assaltos e até assassinatos nos últimos doze meses. Mas este quadro está mudando.

Na semana passada, o assassinato de um bebê indiano de três anos em Melbourne foi o assunto da semana. Mas a questão “foi um ataque racista ou não?”não durou muito tempo. A policia descobriu no dia seguinte que um indiano que morava na mesma casa que a mãe do bebê é o assassino.

O crime foi recebido com muita tristeza e sem estardalhaço na Índia. Já era tempo: dois recentes casos de violência contra indianos foram considerados ataques racistas pela imprensa local, antes mesmo da polícia divulgar alguma conclusão. Tudo fogo de palha. No primeiro caso, a suposta vítima alegou que atearam fogo nela quando tentava ligar seu carro. A polícia descobriu que o espertinho tentou atear fogo no carro para receber o dinheiro do seguro, mas plano não deu certo e ele acabou com a reputação e o corpo queimados. No segundo caso, o corpo de um estudante foi encontrado carbonizado em Nova Gales do Sul. Os autores? Compatriotas. Motivo? O rapaz devia dinheiro ao casal criminoso. A repercussão na Índia? Manchetes do tipo “Por que os australianos odeiam a gente??”.

O editor-chefe da revista Outlook Magazine, Vinod Mehta, publicada em inglês na Índia acredita que a mídia local deve finalmente parar de tomar as próprias conclusões e esperar o fim das investigações de casos de ataques contra indianos na Austrália.

Assim esperamos. Manchetes sensacionalistas e sem base fazem a má fama dos jornalistas por aí...