Sunday, April 26, 2009

Paranóia que vem do mar. Do mar?




Não há um jornal australiano que não publique pelo menos uma matéria por dia sobre os imigrantes ilegais que tentam chegar ao litoral do país em precários barcos vindos do sul da Ásia. O que se esquece de dizer é que a maior parte dos imigrantes ilegais que moram na Austrália chegam aqui de avião.
No dia 16 de Abril, um pequeno barco com 49 pessoas de origem afegã foi interceptado pela marinha australiana, já nas águas da Austrália. O que seria mais um caso de imigrantes tentando chegar ao país pelo mar virou uma tragédia. Quando o barco estava sendo rebocado para um centro de detenção na ilha de Christmas, ele explodiu, matando três pessoas e ferindo dezenas. As causas da explosão ainda estão sendo investigadas.
Só este ano, mais de 300 pessoas já foram interceptadas tentando imigrar ilegalmente para Austrália pelo mar. Os barcos vêm da Indonésia, carregados de pessoas do Afeganistão e do Sri-Lanka, países em guerra civil. Depois de serem detidos, os imigrantes podem dar entrada no pedido de asilo, e se for comprovado que eles correm risco de vida ao serem enviados de volta ao país de origem, eles terão a permanência em solos australianos concedida.
O tom paranóico dos artigos aqui é grande, mas segundo a comentarista Lisa Pryor, do conceituado jornal The Sydney Morning Herald, o problema daqui é bem menor do que o enfrentado pelos Estados Unidos. Por lá, segundo o Pew Hispanic Centre, meio milhão de pessoas entram no país ilegalmente e aqui, segundo o Departamento do Imigração, a média fica abaixo de dois mil imigrantes ilegais por ano.
Destes dois mil por ano, mais da metade chegam de avião. Então por que a paranóia dos "boat people"? Será que é porque eles vêm de países deprivilegiados e em conflito? De acordo com dados do Departamento de Imigração, a maior parte dos 50 mil imigrantes ilegais que vivem na Austrália são dos Estados Unidos, China e Grã-Bretanha.

Thursday, April 16, 2009

É croc, mas não é para calçar...


O animais e a natureza têm espaço garantido na mídia australiana.  O que não é de se estranhar em um país em que habitam tantos animais peçonhentos, tubarões, crocodilos e marsupiais que só se encontram aqui. A combinação de condições metereológicas extremas, como chuvas torrenciais e furacões, com estes animais pode terminar com histórias trágicas.
Os crocodilos foram as estrelas da semana nos noticiários. As recentes tempestades têm causados enchentes no norte e nordeste do país. Como as planícies dominam a paisagem nesta região, principalmente na costa, as tempestades e a maré alta fazem com que a água doce e salgada se misturem propiciando o aparecimento de crocodilos de água salgada - chamados de crocs por aqui - em riachos e lagoas. Os crocs de água salgada são mais agressivos que os de água doce. MEDO!
Uma menina de onze anos morreu atacada por um croc quando nadava em um riacho com uma amiga perto de Darwin, no Território do Norte. A amiga chegou a tentar puxar a garota da boca do animal, sem sucesso. A família dela está fazendo uma campanha para a caça aos crocodilos na região. Só este ano, pelo menos três pessoas morreram no região.
Depois de estudos que indicam um grande aumento da população dos crocs no Território do Norte, autoridades estão para lançar um plano de controle populacional do animal que consiste em destruição dos ovos, permissão para a caça aos crocodilos e a interdição de vastas áreas para evitar novos acidentes.
Outro animal está em risco de ter a caça permitida: o canguru! Na capital Camberra, quase 20% dos motoristas já atropelaram pelo menos um canguru. Baseadas nas pesquisas, as autoridades fizeram um referendo para saber se a população apoiava ou não a caça aos marsupiais. Parece que os 80% que não toparam com um canguru pelas estradas venceram. O canguru fica.
Outro dia me lembrei de uma amiga que me falou: "Ah, Gabi, eu teria pavor de nadar no mar na Austrália por causa dos tubarões." Pois é, tenho medo, ainda mais agora com os crocs. Banho de mar, só no raso...