Demorou, mas chegou. Depois da polêmica na Europa, a proibição do uso da burca aterrissa na Austrália.
Para nós, brasileiros, a visão de uma mulher coberta da cabeça aos pés é bem estranha. Não me lembro de ter visto uma única no Brasil vestida assim. A primeira vez que vi aqui na Austrália era verão, fazia mais de 35 graus e lá estava ela, toda de preto. Fiquei aflito.
Num país onde o número de imigrantes vindos do Oriente Médio só cresce, a burca começa a fazer parte da paisagem. Recentemente, o senador Cory Bernardi, do Partido Liberal, foi duramente criticado por escrever um artigo pedindo a proibição da burca. Ele alega que ela vai contra os valores australianos e citou a questão da segurança. Aqui é proibido entrar em bancos ou postos de gasolina com capacete, por dificultar a identificação. Por que seria permitido entrar com burca?
Há algumas semanas, o Reverendo Fred Nile, membro do parlamento do estado da Nova Gales do Sul, tentou, sem sucesso, aprovar uma legislação nos mesmos moldes da que existe na França, que baniu a vestimenta em locais públicos. Ele alega que fez isso pelas mulheres muçulmanas. Será?
Como imigrante, procuro assimilar valores da terra que escolhi para morar. Apesar da saudade, não posso querer recriar aqui, com rigidez, os costumes brasileiros. Para os australianos, a burca significa isolamento e negação da cultura local. Para alguns setores mulçumanos, ela é uma afirmação de identidade. As cartas estão na mesa.